mini-estágio #2 .

Hoje o meu coração está reduzido a 1/4.

Por mais que tente explicar por palavras tudo o que vivi durante a manhã, saberá sempre a pouco. 
Às vezes achamos que a nossa vida é uma m€#d@, que há sempre alguma coisa mal, que desistir, por vezes, é a palavra de ordem, que por termos mil e uma coisas para fazer e todas elas chatas, vamos espernear, gritar, chorar ...  que nos apetece desaparecer por coisas que achamos que são tanto e, comparativamente a outras vidas, são tão pouco ... Hoje senti na pele o quão injustos às vezes somos, neste caso eu sou. Há vidas tão, mas tão mais sofridas que a minha - a minha ao lado destas até parece um conto de fadas-, pessoas com mais problemas que eu, que todos os dias acordam e fazem por ultrapassar mais um dia, que não têm o apoio de uma família, que são maltratadas, fisica e psicologicamente, mas que estão ali, por mais um dia, vendo o que há de bom de um dia mau. Não desistem, por mais que, quando saem dali, volte o terror, volte o isolamento, volte a tristeza ... 
Hoje tentei aguentar bastantes emoções. Tentei que o meu lado mais emotivo primasse pela discrição. Aguentei algumas lágrimas, que de vez em quando, à medida que ia ouvindo histórias de vida completamente devastadas, pareciam querer saltar dos olhos. Mas a par dessas histórias, saber que muitas daquelas pessoas acreditam num amanhã melhor e lutam até ao fim para que isso aconteça, tudo isso mexeu comigo a ponto de sentir um nó na garganta.
Ajudei, em particular, uma senhora a realizar uma atividade de expressão plástica. Pelo pouco que pude conviver com ela, achei-a muito fechada. Nem se quis apresentar, contando a sua história de vida, tal como outras o quiseram fazer. Mas aos poucos e poucos, no decorrer da atividade, senti que me queria dizer algo, dar a entender o sofrimento que sentia. No final, veio-me agradecer por a ter ajudado. E foi aí que me senti tão mas tão pequenina, que pensei para mim mesma que melhor decisão académica não poderia ter feito. Senti que sempre fiz parte desta área mais social e que, se fui selecionada para fazer este estágio em Educação e Formação de Adultos, foi por alguma razão. Amanhã irei ter um dia completamente diferente do de hoje, mas certamente que viverei outras histórias e emoções. Sinto que com isto cresço a todos os níveis, e isso é tão bom!

6 comentários:

  1. A sensação de ajudarmos os outros deixa-nos sempre de bem connosco próprios. Eu senti-o muitas vezes como fisioterapeuta, e espero sentir muitas e muitas mais como médica. É pena que, por vezes, precisemos de contactar com casos piores com os nossos, seja sociais, seja de saúde, para dar valor à vida que temos!...

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    1. É verdade, mas já que temos a oportunidade de contatar com esses casos, há que tirar o melhor proveito disso, mais não seja uma lição de vida.

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  2. eu percebo perfeitamente o que queres dizer. mas tens que pensar que há sempre alguém pior que nós, tal como há sempre alguem melhor. Não quer dizer que não possamos sentir-nos mal com o que temos, só porque ha quem não tenha nada, por exemplo.

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    1. Sim é verdade, os nossos problemas para nós vão ter sempre o seu quê de importância e peso, mas confrontando-os com problemas graves, desde solidão a maus tratos ... parece que teve que chegar o último ano do curso para ver com os meus próprios olhos de tão perto realidades que pensava existir tão longe de mim... mas não.

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  3. Deve ser revigorante viver um estágio assim tão importante!

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    1. ainda que não tenha sido a minha primeira escolha, posso dizer que estou a gostar :)

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