“São umas chatas do pior e não nos deixam ver
o futebol em paz. São bipolares como o caraças e nunca estão satisfeitas com
nada. São mestres do disfarce: têm sempre uma máscara para quem não gostam. Têm
opinião sobre tudo, mesmo quando não entendem nada do assunto. Conseguem
engordar-nos de mimos ao jantar (…) Metem o dedo na ferida como ninguém, e se
possível vão até ao osso. Têm prazer em ver-nos sofrer (…) quando teimam em nos
espremer as borbulhas e os pontos negros:
-Tem
calma, está quase (De sorriso sádico na cara)
- Não sejas maricas
Enquanto nós, por outro lado, nos vamos
contorcendo no meio de toda aquela carnificina. Para elas somos uns piegas, uns
meninos da mamã, uns mariquinhas pé de salsa. (…) Nunca estamos bem, mesmo
quando estamos bem. Nunca estamos no sítio certo, mesmo quando estamos no sítio
certo. Não as compreendemos, nem temos um pingo de compaixão por elas. Não lhes
distinguimos o Não… Quando o Não…Quer
dizer Sim!
Trocam-nos as voltas com uma facilidade
sobrenatural. Acabam onde começam e começam onde acabam. Amam-nos quando somos
bons e não deixam de nos amar quando somos maus. Choram de alegria e sorriem de
tristeza. São estranhas. Tanto nos esmurram o peito, como se aninham no nosso
ombro. Olham-nos com vontades homicidas quando nos enganamos em coisas
triviais. Mutilam-nos mentalmente quando nos esquecemos de coisas banais. Para
nossa sorte gostam de artigos defeituosos. Queixam-se que se danam. Berram,
insultam, esbofeteiam, esperneiam. Caminham sempre no limbo entre a bonança e a
tempestade. São perfeitas nos defeitos e nós pecamos por não lhes dizer que o
são. Trabalham numa frequência diferente da nossa, mas procuram sempre a
sintonia. Esbofeteiam, esperneiam, berram e insultam. Felizmente para nós
acreditam em histórias de princesas. Infelizmente para elas, nem todos os sapos
escondem um príncipe. Inventaram aquele momento em que os olhares se misturam e
os lábios tremelicam, aquele momento em que no meio de beijos e abraços, faça
chuva ou faça sol, solta-se um Amo-te
abafado entre lágrimas e sorrisos e um silêncio apavorante (na expectativa de um
Eu também te amo).”
PedRodrigues