de coisas estranhas [ou não].


Desde que me dou por gente sempre fui uma criança muito fechada. Todas as fotografias que tenho, dessa idade, retratam uma criança reservada, com olhar desconfiado e na maioria delas, a choramingar. 
Os anos foram passando e, à medida do tempo, das convivências, do meio, e de factores vários, comecei a soltar-me mais para o mundo. Os meus pais contam-me vários episódios de situações que ambos presenciaram, mas um (de muitos anos) foi este: o das idas à praia. Religiosamente, sempre que ouvia os meus pais a dizerem que era melhor começarmos a arrumar as coisas para vir embora da praia, eu ia até ao mar e começava a falar sozinha e a gesticular. Os meus pais contam que nunca quiseram ir ouvir nem que nunca quiseram perguntar-me o porquê daquilo todos os verões. Só há bem pouco tempo me perguntaram, e eu não consegui responder. Não me lembro mesmo o porquê daquilo. Mas tenho a perfeita consciência que era o momento mais feliz das minhas idas à praia. E, ainda hoje, gosto de ficar sozinha por uns minutos a olhar o mar e ir de encontro com o meu EU. Talvez relembrei este episódio por precisar de me encontrar por breves instantes.

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